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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Modelo completo da Chery incentivará o consumo exagerado?

Em maio próximo o Brasil começará a ver andando pelas ruas um carro chinês que tem nome provisório de QQ, da fabricante Chery, que montou fábrica em Salto, interior de São Paulo. O carro será vendido por 22 mil reais e promete ser o mais barato do Brasil. Atenção ao pacote que o carro oferece a 22 mil: direção hidráulica; ar-condicionado; rádio com CD/Player e entrada (mini-)USB; bancos traseiros rebatíveis; limpador do vidro traseiro; luzes de neblina; faróis com regulagem de altura; vidros, travas e espelhos retrovisores elétricos; alarme e travas de porta; duplo airbag frontal; cintos de segurança dianteiros com pré-tensionador; freios dianteiros a disco com ABS (antiblocante) e EBD (distribuição eletrônica de frenagem); sensor de ré com aviso sonoro e gráfico. Qualquer carro com esses opcionas sai por no mínimo 40 mil reais em qualquer montadora.
É claro que há vários assuntos que essa notícia suscita _em especial o porquê carros brasileiros são tão caros; na Europa um Mini Cooper sai por 20 mil euros em sua versão completa. Por aqui custa 100 mil, de saída. Mas o que eu quero comentar aqui de fato é o impacto que o lançamento do QQ vai causar.
Todo brasileiro maior de idade deve ter o direito de ter um carro. A democratização dos bens de consumo é benéfica e deve ser incentivada. A questão é de estrutura. Em São Paulo não existe mais espaço para carro. E vai piorar, claro. A linha Amarela do Metró virou lenda, dizem que algumas estações abrirão em março, mas a linha completa só em 2014. Projetos de ciclovia e faixas especiais para motonão saem da prancheta, por preguiça política (não são projetos populares, bons de voto, já que paulistano odeia motoqueiro e anda pegando a mesma birra dos coitados dos ciclistas.
No Brasil há apenas um modelo de moto elétrica a venda. Apenas um modelo de bicicleta elétrica é produzida por aqui, a preço alto e pouca garantia de manutenção. Daí que… Lá vem um clichê: é preciso que busquemos novas formas de consumo, transporte e convivência com a cidade. Olhe os carros na fila de congestionamento: a esmagadora maioria leva apenas uma pessoa: o motorista. São raros os casos de grupos de amigos de trabalho que se organiza para caronas.
A quantidade de bicicletas nas ruas cresce a cada dia mas ainda é pífio perto de qualquer cidade do hemisfério norte. E, pior, os carros desprezam ciclistas. Tenho a impressão que alguns motoristas passariam por cima de uma bicicleta por se sentirem donos das ruas. E, de fato, eles são. Mal sabem que a popularização das bicicletas seria a única política que diminuiria os congestionamentos em São Paulo _a custo perto do zero. O custo de um quilómetro de ciclovia equivale a meio centímetro de Metrô. Veja bem!!!!! Mas não há políticos que abriguem essa causa. Soninha era a porta-voz da turma da bike, mas está sem mandato e não há previsão de quando vai voltar.
Consumir exageradamente é cafona. Tão cafona quanto o preço das roupas no Brasil. Como a sueca H&M (empresa de fabricacão e venda de roupas criada em um dos países mais ricos e caros do mundo e que vende em todo o hemisfério norte) vende peças de ótima qualidade há , 2, 3, 4, 5, 9 euros? E no pobre Brasil qualquer camisetinha boba custa 100 reais? Ah, a H&M já disse que não tem planos para o Brasil. Por quê? Comer em São Paulo e Rio também é um atentado ao bom senso. Em São Paulo um jantar médio custa em torno de 80 reais. Por 30, 40, dá para pagar apenas um quilão. Morar então…. Bem.
Estou sendo chato? Concordo. Mas é preciso que os consumidores, que somos nós, passem a ter uma atitude diferente em relação a esses preços. Diminuir o consumo é o primeiro passo. O segundo é fazer greves de consumidores. O Facebook está aí para organizar isso. Quero ver se a Tam seguraria um dia de greve dos consumidores. Todos comprando Gol, Azul ou Avianca para que os caras da Tam nunca mais faça overbooking e aumento abusivo do preço de passagem.
Ou uma greve contra a Osklen, que cobra 400 reais em uma camiseta e tem a coragem de dizer que é amiga da natureza, do mundo e da consciência. São só exemplos, claro, mas seria incrível que nos organizassemos contra abusos vários, em inéditas greves de consumo, protestos mais que dignos, previstos em lei, e que (não tenho dúvida), melhoraria nosso habitat.

Fonte: Notícias Automotivas

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