Desperto-me elétrico, pensamentos espalhados, correria mental,
desespero tardio, traz a vontade de ser.
Como se nunca tivesse vivido no mundo, afobo-me em entender o que talvez não preciso.
Deito-me calmamente, imaginando o que o amanhecer tem guardado, mas esquecendo-me que somente os sonhos desta noite é que podem me fazer entender.
Me nego, reluto, quero viver o amanhã hoje, na esperança de não perder nenhum dia.
Quero o controle do sabor do desconhecido. Ver com os olhos apenas o que o coração pode sentir, e fingir que a razão nunca irá interferir.
Minto para os meus ouvidos repetindo frases de efeito que sempre ouvi, e que de lenda acalmam a alma.
Alma que não pode entender aquilo que não vê nos teus olhos.
Acostumei a ter tudo que preciso manejando as palavras ditas com o olhar.
Sentei-me a varanda do entendimento como se ainda houvesse tempo que com a mente eu pudesse buscar.
Com um copo a mão refresco minha memória, tentando me lembrar o que de longe vivi.
Esqueço-me que sou apenas um homem que nada sabe senão sentir.
Contudo ainda me lembro do teu coração, dos teu olhares e de tuas mãos que ao meu rosto me fazem aquietar.
Invento momentos que de tão simples me desesperam pra que eu não deixe passar.
Meu coração acelera, minhas mãos suam, meus olhos não se concentram, meu medo aparece, minha vaidade se esvai, meu ritmo enlouquece, e os meus pensamentos bem de antes já não são mais meus.
Percebo que de tudo que eu pensei, a felicidade não verei se os teus olhos não reencontrar.